quinta-feira, 11 de junho de 2009

Do Outro Lado do Espelho



Te falo daqui, deste lado mais frio,

Tanto mais irreal quanto sutil.

Onde os sonhos brincam nus,

Não sabem que são sonhos.

Mas, poderosos, se impõem.

 
Onde os sentidos se aguçam sem sentir...

Sorvo a alma do vinho na garganta dos poetas

Ouço o som cálido das mãos tocando a pele


Deito lânguida na esteira do etéreo

Aspiro a consciência dos séculos

Fito o mel e o mar de todo olhar...

Dentro deste espelho,

Misturo amor ao vermelho.

Corro pelos cômodos, deixando cair os véus.

E em cada aposento, descubro novos céus.

Galáxias inteiras explodem em minha boca.

Inimagináveis lendas gravadas nas paredes,

Pichações serenas dos deuses,

Contam minha história.

Minhas sete faces reconheço,

Somos tudo o que não somos.

Arquétipos de nós mesmos?

Minha pessoa, sua pessoa...

Sinto a vida dividida de Pessoa!

Deste outro lado, só a vida pensada

Cintilante madrugada

Deste outro lado, tudo exatamente igual,

Mas tudo sem igual...
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